28.10.11

choco

Choco-lua e choco-mar

ieu?

Há pouco tempo uma amiga, um tanto marítima, que me conhece como poucos, aproveitou sorrateira oportunidade para adjetivar-me. Na hora mesmo a palavra já entrou fazendo cócega e buscando reflexão. Nunca havia recebido tamanha observação e de cá para lá, ponho-me à procura da precisa definição. Ao acatá-la passo a entender o que tende a diferir meu olhar, mas, se girar ao contrário, peso-me de excessos. Tal conclusão alude à própria definição e então o triangulo das bermudas está completo. O mais estranho a tudo isso é meu conforto em estar contente, de águas calmas, claras de ser e ver. O fato está aí, de tudo, o quase já disse à que veio e só me resta saber se algum dia transmuto-me em outra, ou me canso de ser tão SUPERLATIVA. Uma coisa é certa, te ver assim faz bem pra burro! Realce!

25.10.11

Flor de Cerejeira

Cerejeira, minha flor, a mamãe te ama!

29.9.11

Lara - (click aqui!!!)

Feliz aniversário filha querida! 5 mágicos meses compartilhados

5.6.11

eclipse


Quando Lar vê a Lua nosso céu eclipsa

LarArte


LarArte,
meu coração por ti é multicolor

em família



Ontem foi seu primeiro passeio em família, tirando o papai e a mamãe, sua avó materna e seu avô paterno, com seu fiel amigo, a acompanharam. O céu azul alto de inverno estava límpido e incrivelmente lindo, mas o vento gelado logo nos obrigou a voltar para casa. A comida mineira caseira foi reflexo fractal da madrugada e assim fomos nos adaptando às intempéries. O olhar dos avós nos causa infinito de tanto amor e, só o futuro poderá revelar-me tal verdade.

puro objeto reto


Minha língua mãe é de fazer brotar objetos retos e oblíquos. É tanto “eu”, “meu” e “em mim” que deve de estranhar. No entanto, questiono-me se é possível discorrer sobre o que se passa atualmente sem que seja desta forma. O mundo todo ultimamente mora aqui na minha casa e o que eu possa ativamente achar do que se passa fora, no momento, não faz sentido. Apesar de que, no dia que a reforma do Código Florestal foi aprovada pelo Congresso Nacional, semana passada, eu desabei a chorar no sofá como se alguém muito querido tivesse falecido. Como lastimo tal retrocesso. No mais, tirando alguns lamentos mundiais e outros pormenores bestiais, sigo entregando-me às minhas próprias descobertas e vivendo do mais puro amor.

Fiéis


Minhas fiéis escudeiras são impreendíveis. Não importa o tamanho da cerca ou o desejo tê-las seguras, sempre, seja de noite ou de dia, arrumam uma maneira de se colocarem no mundo. A grande passa por frestas minúsculas para alcançar seu vôo, mas só volta se for pelo portão principal. Quando a porteira está fechada chama sua companheira e está vai até a porta de dentro me chamar para abrir, unha madeira e late até que eu saia e deixe sua amiga entrar. Sabem sempre quando estou preparando alimentos para elas e, sempre deixam um bocadinho em cada cumbuca para outra, trocando de pote o tempo todo. De madrugada quando o ordenhador vem recolher as vacas fazem um escândalo que só vendo, todos os dias na mesma hora, irritando o OutroNau que salta da cama e põe-se a reclamar. Se eu fosse elas latia também, portanto nunca as critico. Com a chegada da nenê pensei que pudessem estranhar, mas comportam-se como se Lara sempre existisse entre nós. Trazem para nossa vida alegria e amor e tornam-me uma pessoa mais feliz.

3.6.11

iden ti dad


“Tu serás para mim único no mundo e eu serei para ti única no mundo” trecho do livro Pequeno Príncipe

antes da pedra


montanha mãe, a minha rocha brumada

reflexo mãn


Através de mi te vejo nós

caipiramami-me


quando os egos escorrerão montanha abaixo e minha filha me viu surgiu novo acunticido: caipirizei-me por completo.

merengo


merengo mami
montanho mimo
e assim
Larifico-me paisagem à dentro

1.6.11

amanheço



Aqui do alto quando amanheço o prazer me toma por inteira: juntar os gravetos, ascender o fogo, fumegar café, cuidar da continuada, arriscar-se ao vento gelado com registradora de instantes nas mãos na companhia das fiéis cãs felizes, contemplar mar de nuvens, compartilhar com a própria fonte materna cada milésimo despertar, ver OutroNáu abrir os olhos e sair em busca de seus cavalos, receber o primeiro sorriso Lara e espreguiçar-se com a alma já quente. Acordar antes do dia e esquentar casa útero é assim. E é daqui, do auge dos meus acontecimentos, que resplandeço liberdade e começo a costurar nossos futuros lavores.

30.5.11

Dindinha Fê


Sempre gratas, eu e Lara, por cada momento de amor com a dindinha Fê. Receber minha filha de suas mãos e ter confortavel aceito aconchego e amor, não tem mensura valor. Incondicionalmente te amamos Fê. Te ter nesta vida é mesmo um presente especial. Neste passo que vai indo chegará rapidinho a além! Juro que faremos o possível para te acompanhar! Valeu!

28.5.11

regra mãe


Segundo consta a regra mãe do Sol em leão e a Lua em câncer é com muita lambida que se cria minha cria. “Compartilhamando” os centésimos de segundo na nossa toca encravada nas montanhas mais profundas seguimos nos conhecendo, tocando uma a outra e reconhecendo cada vínculo ancestral.

Lara


LARA, sua mãe e seu pai antes de você nascer já tinham por hábito ver a vida através de lentes bem coloridas. Nosso transbordamento alegria sempre se fez notar, porém, depois que você chegou as lentes "calendoscópiaram" e agora demos para cirandar multicolor toda vez que você reflexa sorriso.

nas nuvens


nas nuvens vivemos
sonho sono
aqui
bem no alto
realizamo-nos

minuto por segundo
lema sem dilema

apenas
o simples
o cotidiano amoroso
a família
a luz
o resultado da fé
e,
sem dúvida,
na mais profunda gratidão

Minha Lara Chegou!



É de um instante para outro, num minuto era você e no outro era você também, mas com único porém: você não é mais apenas um, agora é uma família e isto claramente transforma tudo. Só então percebo que para compreender o ser filha é necessário o ser mãe. Assim é possível sentir como fomos amados. É como se a vida começasse novamente, onde temos uma segunda chance para sermos amorosos e íntegros, onde só existe lugar para o perdão e o amar. Creio que já usei palavras como se as entendesse, mas agora vejo que estou plena, repleta do amor mais verdadeiro que pode existir: Lara a mamãe te ama profundamente! Há apenas trinta dias que você vive fora da minha barriga e à noite, à espreita por qualquer barulho seu acordo aos pulos procurando seu corpinho no meu. OutroNau me acalma dizendo que nossa filha está dormindo tranquilamente em seu berçinho ao lado da vovó. É inacreditável aceitar que a conheço há tão pouco tempo. É como se estivesse comigo uma vida inteira. Ainda me recupero de sua saída e mesmo inchada, de pijama pela casa, sonâmbula e com os cabelos fora de ordem, quando me deparo com os espelhos espalhados pela casa é inevitável o próprio espanto, nunca me vi tão bonita quanto agora e de certo nunca me amei deste jeito. É Lara, acho que está sua mãe nasceu mesmo para ser sua e agora, mais do que nunca, sente-se realizada coisa que, nenhum diploma, ou feito tinha lhe proporcionado. Acabo crendo que a falta de ansiedade que existia em mim para ser mãe era apenas a naturalidade de minha própria espécie, não dá para ter medo do que se verdadeiramente é. Bem vinda filha querida, no futuro, quando você tiver nossa continuada sei que vai compreender cada palavra desta e de certo será neste mesmo dia que perdoará qualquer erro ou falta que eu possa vir a ter. Apenas lhe garanto que estarei sendo o melhor que posso.

25.3.11

Minkais, o Lar de Lara



Lara me habita a carne há alguns meses, agora, às vésperas de transparecer fico aproveitando seus últimos empurrões encarnados internos. De certo está vai causar-me empurrões de outros tipos para o resto de meu tempo neste lar-corpo. Tem noites que ela tremula como borboleta e me faz pensar no estar em paixão, como dizem os poetas ao estomago. Não há dúvidas quanto a curiosidade de saber seus traços, mas sem ansiedade aguardo minha continuada aproveitando cada minuto deste primeiro tempo. Sentir uma outra se metamorfosear aqui dentro agregou uma espécie de compreensão global e um sentir-se árvore, enraizada, agregando luz, gerando proteção, resplandecendo com o centro do meu mundo bem no meio de minha barriga.

16.3.11

foi


Existem pessoas que perduram na nossa alma para todo sempre. Pondo-me a pensar sobre como fazem isto chego a uma simples conclusão: só marca o corpo da gente quem foi amoroso o bastante para ser inteiro. Quando isso ocorre a partida torna-se singular, quer dizer que atravessaremos a rua e não esbarraremos no amigo, nem poderemos teclar números e recorrer, mas mais reconfortante que isso é saber que aqui dentro sempre existirá, com seus ensinamentos, ternuras, graças, histórias a lá Julio Verne, receitas inesquecíveis e precisas como um relógio suíço, roupas certas, palavras mágicas, enfim... sua falta jaz lá fora enquanto aqui viverá dentro. Lá se vai meu amigo Sidnei Basile encantar novas freguesias.

18.11.10

Perceber a gota d’água que era para seguir gravidade à dentro e esparramar-se no chão, mas contrária que é desejou ser leve e flutuar intacta, tornando o céu próximo e cinza-luz. Um dia perfeito para melancólicos e para não melancólicos. Quem é, assim se sente. E quem não, apenas respeita o tempo barroco e alonga-se nos lençóis procurando outro corpo. Dia livre para preguiças e chamegos sem remorsos ridículos e ímpetos avessos. Dia que insiste em querer ser outro por estar suspenso e, graças à sua predisposição arriscamo-nos a apenas olhar a paisagem molhada pela janela de nossa alma, percebendo as sombras e honrando as cinzas de cada dia. Enfim, mais um dia que nasceu para ser feliz e que deixa a imagem para sua paisagem.

11.11.10

Um



Longo período de palavras mudas e ações repletas acabam por findar. Foram tantas emoções vividas que minha alma está tomada da mais integra gratidão. Cada instante merecido sem desperdícios culpas e outras bobagens pormenores, que sempre nos fazem duvidar do que realmente somos. Cá estou eu, diante do que sempre desejei ser e viver, na simplicidade dos instantes, mergulhada no amor.
O resultado de tudo isso foi finalmente poder receber outro corpo no meu, meu continuado, ainda sem saber seu gênero de gotas, mas já o/a amando incondicionalmente, herança que o meu carrega.
Plenitude é uma palavra que antes só existia efêmera e, de fato, desejos me corroíam cega, em ego inteiro. Não foi necessário sentir saudade das palavras, pois letras borboleteavam sem cessar em seus tempos exatos, pasmano-me por completo.
Quantos absurdos em nome do que pensamos que somos são blasfemados quando não temos espaço para estar inteiramente entre outros. E o mais incrível que qualquer resto: como é bom nos vermos no outro, amar.
Meu corpo é nosso lar e é nele que repousamos depois de um dia pleno, eu e minha família, com Outronau acariciando a casa-ventre de nosso, ou nossa, continuada. Aqui, a sete mil léguas das distancias infindas dos desencontros, somos todos Um, sem transbordamentos e distrações.

15.9.10

triplo

Silêncio. Está tudo triplo.

15.6.10

A Tampa-Nau



Amor profundo brotou da fenda pedra e agora está tudo duplo em nós. Compartilhando nas estrelas é o que me transmuta no que sempre fui, Ser-Feliz. Parte de mim é você.

10.6.10

Mimkais torrencial e um OutroNau sensacional



É assim, um dia somos um e no outro somos o infinito. De repente, num pulinho e estamos lá, do outro lado, onde antes não conseguíamos nem se quer enxergar existência. Imaginar era preciso, mas o tempo andava em descompasso no lago. Algo em mim, que também não lembrava existir deu um passo à frente e floriu ritmado, em passadas largas. Não posso nem ao menos dizer que ‘estou que não me caibo’, pois estaria sendo injusta, afinal, a xícara está na medida certa, no tempo exato e com o chá quente de ambos na ponta dos dedos. As palavras andam cabulando minhas mãos por quase falta de sangue. Com a força total no cardíaco meu caminhar está para lá das montanhas geladas e, bem no centro da salamandra, brasa um vôo tórrido entre dois seres alados que tomaram a decisão certa na hora exata e juntaram cada telha de perfeito encaixe num mesmo lago, não mais congelado, não mais em ondas, não mais repleto de lodo, não mais o que o impede de ser, apenas ‘Primavera, Verão, Outono, Inverno, Primavera’* , conseqüências de pequenos atos que podem durar a vida toda. Mimkais e OutroNau estão se metamorfoseando em KaisNau, porto nosso de cada dia, além.
*filme do diretor sul-coreano Ki-duk Kim

31.5.10

Osmoso


Mimkais osmosa na paisagem e transmuta-me em nada mais nada menos do que em essência posso ser. A lua anda podendo perceber seu ciclo e eclipa-se nas montanhas: "quem tá comigo me acompanha!!!"

"Vontade de cantar tão absoluta que"



Uma pá de coisa acontecem a custa de muito trabalho, não poderia ser diferente com cada pa-lavra. É preciso preparar o solo, introduzir a semente e cuidar diariamente para que então em algum momento possa presente seguir florida. Tão pouco conosco é diferente. A ninguém existem garantias que o broto ‘árvore-se’ e assim seguimos adubando o corpo, acolhendo a grão, semeando os caminhos do devir em aparente deriva, porém sem esmorecer alma coerente. Mimkais por vezes se senti fatigado e é tratado como carcaça, sempre tentando esquecer que o único caminho possível é o da disciplina, da perseverança e o da alegria. Às vezes o vento muda de direção e tudo quente torna-se novamente e é nisto que ponho fé, ou ao menos tento. Mim’alma segue exigindo-se por completo e este ou zero ou nada um dia vai ter que passar para o está parecendo iniciar o um mais um e é nisto que invisto agora. Será necessário desvendar tal mistério ancestral e adubar o buraco certo para que no futuro ‘dês-frute’. Enquanto aguardo o momento da revelação ‘osmoso’ alegria na cidade dos elefantes, que até agora sobrevivem aos solitários tigres da arrogância. Hoje está parecendo o primeiro dia do resto da minha vida, se olhassem meus olhos-kais agora viriam que, como o poeta, “calo-me repleta”.

Porta gen-borboleta



Quando a porta se abriu o avô que estava por de trás das orelhas entranhou em cada partícula paterna. Foi como um suspiro, de um momento para o seguinte e já havia inalado milhares de borboletas apaziguando-se por completo. As moedas passaram a lhe fazer outro sentido, não mais o da sobrevivência como o do outro, mas no reflexo das avessas, o que também não quer dizer nada. À razão agora o visita sempre e quando não tem ninguém por perto todos pasmam com tal mistério. O que se passa no coração desta mente é mesmo de se criativar e por este motivo sugere-nos sempre que está tudo muito bem apesar das nuvens. A porta, no entanto, o aguarda sorridente para os momentos do afinal de contas. Quando fecha dói ‘purrrmão’ e entope tudo, mas como boa tramela que tem, logo sai em disparada causando folia e espalhando sítio pelos corredores. Lá em casa, aquela que só existe nas antigas lembranças, ele, porta, estaria adivinhando mais um passe de mágica do homem borboleta, enrolado na sua manta mágica multicolorida e, como frequentemente, procurando suas moedas entre pipas.

Lua precisa de Sol



Simplesmente pelo fato de ser humana viver sem a Sol beira o insuportável. Sem raio que me corra, num fim de tarde ou numa manhã qualquer, torno-me menos do que posso ser. Algumas pessoas tecem essa qualidade, incitam o melhor de ti e fazem nosso coração suavizar. Depois que as temos é um verdadeiro lamento estar sem suas presenças iluminadas. Parece-me que no fundo a vida não passa disso, uma possibilidade de rendarmos relações amorosas e amizades verdadeiras. Toda vez que eu digo adeus e quem compartilha comigo já observou que minha alma nômade, derivada de ancestrais, parti inúmeras vezes carregando cada lembrança-dedicação e afeto em bagagem Mimkais. Os aromas e gostos me acompanham também e lá no fundo, quando não tem mais ninguém por perto os deixo sair e as lágrimas escorrem tranqüilamente, felizes por estarem vivas novamente. Se alguém por aí perguntar do que sou composta não se esqueçam de dizer que fora os ossos, a carne, a pele, os órgãos e a alma, há uma porção bem generosa de cada ser que amo. Sol-me, Mar-me, Flor-me, Fê-me, Mãn-me, Pá-me, Tí-me, Flor-me, Negra-me, Rosa-me, Zéfá-me, Duda-me, Di-me, ou melhor, Martrize-me, Gina-me, Jãn-me, Vê-me, Poly-me, Rey-me, Alex-me, Lú-me, Má-me, Zunga-me, Uri-me, Dé-me, Cá-me, Jô-me, Dada-me, Mô-me, Chefinho-me, Ingrid-me, Dani-me, Cã-me, Zan-me, Gê-me, Dê-me, Mariá-me, Bruno-me, enfim, parte de Mimkais já é você. E, definitivamente, a Lua precisa da Sol para brilhar.

O dia em que a Mar subiu até a Lua



Sua alma e a minha estavam entrelaçadas de forma complexa, já somam, desta vez, pra lá da metade de nossas vidas e nem apresentam sinais de ser-parar-se. Veio ver Mimkais nas alturas e chegou como a conheci, aquela da qual já senti tanta saudade, esplendida, integra, em si. Aventurou-se pelo salão do bar dos homens, acertou bolas concomitantes, gritou, trocou afinidades, espantou-se com a cabeça do javali, mas quis seus dentes, adentrou casa adentro sorridente e fez-nos chás especiarias em plena forma abertura, pronta. No dia seguinte tocou a terra, recebeu lições preciosas, emplumou-se, cavalgou pelo vale, avermelhou-se por completo, lambarizou pela horta na plenitude da lua cheia de gêmeos bem no meio da calda do escorpião e trocou causos sentada no fogão com lenha fumegando gargalhando sem parar. Vimos um Mundo Novo e mais uma vez eternizamos fim de tarde derramando lágrimas emoção na soleira de mais uma de nossas portas. Lá vai ela recolhendo maré cheia para oceanizar-se amarela enquanto a Lua em mimkais alumia-me lar. É sempre assim quando descobrimos que nunca estamos sós: a mar refleti lua enquanto a lua refrata mar. Lá vamos nós mareluando pelos vales encantados catando pinhão e sonhos bromélia.

25.5.10

Perdão



Foi de uma só vez, pisquei e estava lá, a resposta revelada. Por vezes olhamos para uma pessoa a vida inteira sem entender o porque de suas coisas e num belo dia, entre uma carta e outra, surge o gesto que transmuta toda sua linhagem e o entendimento sobre o por quê das minhas próprias coisas, agora avessas por completo. Estava ali o tempo todo e como véu de noiva nublava-nos. Olho para ela hoje e vejo o amor e a doçura, quando criança por vezes sentia medo, sempre me questionava sobre nosso amor e de fato acabei derivando com minha mãe tais asperezas e espero que o presente-flor baste para tanto futuro desejado. A vi imacular seu passado diversas vezes com palavras duras de escorrer sangue e foi justamente quando às próprias mãos não podia controlar que amorou-se por completo, espalhando ternura e gestos mágicos. Estava ali a dificuldade nas minhas próprias coisas, nada mais do que isso, mais uma vez, pura oportunidade de transformar-me em curto espaço tempo. Suas rugas reveladas, que honro todos os dias existindo e colocando-me a serviço de Nós, enxergaram o porque de atrair experimentos por vezes tão dolorosos, exatamente como uma frágil floresta de bromélias que surge em estreitas fendas na bruta pedra e por fim flori sem dispersar letras contrarias e transpor passado perfeito. Foi necessária cada lágrima para torná-la o que viemos para ser e é daí, desta janela da alma que migro olhar futuro e os imagino pulando no banco de trás, na véspera de fins e pronta para os próximos.

24.5.10

coraçãozadas


quem caminha com os pés deixa pegadas no mundo, quem caminha com a alma deixa coraçãozares e orações nos ares.

MimKais com OutroNau


aquerelando Kais-Nau em nós

Gonçalvando-me com o poder das palavras



Texto escrito dia 13 de maio de 2010, antes do plano divino reconfigurar-se por completo. Aquarela minha

Andando… Dia após dia no devir de entender estes homens circulando como baratas tontas em busca de si mesmos. Em raros e inesquecíveis momentos quando os vejo olhar o próximo é mesmo de se arrepiar. No fundo creio que estas lembranças são as que permanecerão no momento afinal de contas e isso, logicamente, muda as coisas de lugar.
Penso em tudo que me tornei quando honro meus antepassados através do cotidiano. Diferente de alguns e iguais a outros sigo em busca dos caminhos do meio, na corrida desenfreada para sair dos extremos. Apegada a poucas coisas, mas a estas de maneira significativa, como, por exemplo, viver apaixonadamente, quando borboleteio causando estranheza nos que são tocados pela maré das circunstancias e, não raramente, desperto seus tigres famintos e medrosos. Cegos e, muitas vezes, loucos, com uma raiva irracional ancestral, às vezes, diante de tanta intensidade me falta espantamento ao observar o transbordar.
O que mais gosto mesmo é de trocar olhares profundos e escutar palavras de doçura dos que têem seus egos amainados pelo amor e, portanto, tornaram-se simples, já que podem viver auto-organizados em comunidades humanas e comunicam-se espontaneamente.
Juntando papeis e propagando sonhos vou migrando pelas estradas do interior interagindo e procurando estar presente em espírito, corpo e mente na paisagem. Composta de partículas, como tudo o mais, tento identificar-nos além e encaro o desafio de tornar-me xícara acolhimento, colocando as informações demasiadas em lugar certo para que caiba o novo, a bruma. O observar da xícara com o líquido quente revela o tal: se está cheia de mais o evaporado não tem seu minuto para se aglutinar e se desvai fraco e dispenso, se está vazia de mais, não tem forças e conteúdo para alçar vôo. É preciso esta preparada, na medida certa, para que tenha espaço, conteúdo e força de transformação e então, lugar de recepção. Este sim, aconchego que não é cativeiro.
Frequentemente me via repleta, inflada, ou melhor, atolada em tantas informações, enlatada entre leituras, vivencias e imagens em demasia. Capturar nunca foi um problema para mim, nem mesmo metamoforsear o depois, mas, apesar de criativo, este diferente também nascia complexo. O minimalismo nunca foi meu forte, segundo uma amiga muito querida, de minimalista eu só tinha saias quando éramos adolescentes e apoteávamos na orla carioca.
Pelo próprio linguajar notam-se quantas palavras habitam este caos que, em hipótese alguma, anda atrás de ordem. Comecei escrevendo Haicais e hoje, mais uma vez, estou em busca deles, agora em lugar contrário, em MimKais. Quase como olhar um gramado contra o sol em colina de fim de outono, com a luz já na tangente. A princípio vemos aquele verde único, vibrante, mas, logo após a primeira piscadela notamos cada mico folha com seu verso iluminado transparente e pasmamos na primeira rajada de vento, quando dançam, como nós ao olharmos.
Este amadurecimento imaginético é fruto de uma espécie de silêncio que adquirimos com trabalho e tempo. É o poder de parar a mente por alguns segundos e permitir-se apenas movimentar os olhos na paisagem, respirar e notar-se pelo corpo, sossegando o raciocínio e pondo-se para fora. Meu corpo é mimkais, onde sou marcada pelo viver, onde posso me encontrar, em casa, na alma-corpo, no lar onde habito-me, repleta ou despida de vestígios, desencontrada ou em si, em solitude ou populada, serena ou arisca, selvagem e civilizada, enfim, aqui, em casa, vivo no mar das possibilidades e escolho à cada novo toque para onde vou ser e levar mimkais viventi.
Quando me recolho para escrever palavras e imagens é exatamente no intuito de antropofagiar o que existiu em mimkais, uma espécie de entendimento, um querer dizer que aqui agora ficou assim, sem esquecer de estar sempre à espera das próximas mudanças, ou melhor, oportunidades.
Olho para minhas rugas começando a surgir lentamente e lembro do meu primeiro amor. O que era aquele sentimento único, porque as avalanches surgem quando nem imaginamos ser possível existir e, o mais relevante, o que eu faria hoje se mais uma vez fosse possível oportuná-lo. Claro que tirando o óbvio de ser menos tola, menos prepotente e eterna, mesmo sabendo que deveria querê-lo menos, e não falo da pessoa, e sim do amor, ainda noto-me buscando extremos, vacilando na capacidade de crer no caminho do meio, ou ainda muito ignorante ou soberba para tal.
Confiar no plano divino me deixa assim, crente que a qualquer momento Mimkais vai receber um OutroNau e compartilharemos preciosidades quando em cotidiano. Afinar posturas e atitudes de ser no espaço-mundo, caminhar em passos próximos e espelhar sombras sem sobras de azar ou sorte, apenas dedicação e avesso, verso e prosa, construindo lembranças cardíacas, visto que podemos tanto na falta da necessidade de. A paisagem modifica-se com o trajeto da luz, a força do vento, da temperatura, do homem, da dor e do amor, não é para autentificarmos o que vemos que queremos compartilhar é porque já podemos fazê-lo sem evasão ou o oculto medo de ser querida.
Tons soturnos enebriam o instante das coisas, que tentam inutilmente permanecer imóveis, se nem as rochas crêem na fugas estabilidade quiçá nós, descobridores. Quem de nós optaria tornar-se ilha quando podemos navegar, zarpar para novos horizontes e renascer. Ninguém vai chegar a lugar nenhum sozinho visto que somos humanos e como formigas construímos e existimos em sociedade.

23.4.10

vai um lambarizin



Quando estamos entre amorosos podemos notar cada derramada de emoção alheia e conjunto transbordar, mesmo quando não nos conhecemos. De fato somos tão felizes que vemo-nos no micro do macro, no macro no micro e, quando pensamos estar repletos vai mais um lambarizin da horta à dentro. Compartilhar é o meu esbanjamento, minha alegria, minha pururuca! VALEU a meus lambaris da horta. Tô chegando.

15.4.10

Gamela


Além das lente, há sempre algo que nu seria o que não sabemos e, por mais que aja esforço mútuo em estarmos vivos, nos remete a tal condição tacanha: vermo-nos sempre como distintos. O eu sempre eu e você ainda o outro, bifurcados. Um outro incógnita é o que meu eu-esfinge, cego exige e assim vamos nos enganando pelo tempo afora, longínquos equivocados de nós mesmos. O que ofereço ao mundo é meu próprio existir gamela, simples estar a mercê canibal da espera antropofagica. Assim: como quem não quer nada, num fim de tarde cinematográfico quando as palavras já não fazem sentindo algum e não importam para nada, incognoscíveis, indizíveis, improváveis e transbordadas. Renuncia sublime que liberta e coloca-se presente ao mundo das possibilidades.

OPORTUNO



OPORTUNO seria ser sem precedentes, sair da tormenta que nos atordoa, apenas arder, crescer como árvore paciente, florir e passar para o próximo gomo, continuamente. Mas algo lá dentro, num galho entranhado, quase imperceptível frutificou e maduro aguarda o devir fazer migrar caroço. Cada palavra é soletrada até um congestionar de letras, mas, ao contrário da noção de ordem, organizam-se mesmo é no caos, reconfortadas por serem fractais de pontos e vírgulas. O que aqui parece incompreensível um dia será óbvio para outro um e nascerá o inesperado. A redundância de quem finge que não espera e transporta, ao outro, origem surpresa. O exagero nasceu impregnado na minha alma de uma maneira adequada, por mais que não pareça à primeira vista dos náufragos. O exercício aqui é sair do estado máximo e procurar o caminho do meio ao contrário, como a volta do retorno. Ser composta de grandes desafios me causa sobras e restos que justificam minha ausência, ou minha preguiça de apenas deixar às folhas saírem. Incógnita infinda para uns, mar do descobrimento para outros, e, para mim, apenas OPORTUNO.

1.4.10

Borboleta pequenina


(escrito dia 17 de março de 2010_colagem com fotos do passeio do dia 19 no restaurante da Dona Neide)

Pela primeira vez na vida cheguei no momento certo. Após um café em Jerusalém, com os relatos invisíveis de sua filha, fui alongar-me na varanda sob o jardim do rio sinuoso. Foi nesta hora, neste instante exato que a vi sair de seu casulo, titubeando partes, com medo, está sim se espreguiçava com vontade, com sede de vida. Enquanto a eternizava soltou suas garras e fez seu primeiro pouso, precisamente no meu coração, certeira. A metáfora da metamorfose chamava a de fora para ser de dentro e enfim, derramávamos sobre o jardim. Como posso afirmar que não estou nem há uma semana aqui se em mim permaneço. O ar que entra em meus pulmões vai lavando resquícios de cracas-máguas e o barulho das águas é límpido, nascente. Este é o ponto encruzilhada daqui para frente nada poderá tornar-se o patético mesmo, mas agora, ainda em câmera lenta, os ventos afagam meus cabelos e a presença teia inicia sua jornada sistêmica. Tenho conhecido, tocado e trocado ideias com muitos enraizados por dia, olhamos profundamente um para o outro, dizemos nossos nomes e convidamo-nos ao existir mútuo. Observo minha presença sem árduas críticas ou margem de preocupação, apenas sou o que posso da forma mais simples que no momento existo. Hoje está anunciado um dia mágico, dentre as muitas que sou a oradora ventará pela Terra Fria, este estar já me causou antigos pânicos, principalmente quando havia uma mistura entre a pessoa-função e a pessoa papel, ainda bem que liberte-me no momento anterior, quando o trabalho queria ser eu, mas pude ser mais. Hoje estou aqui, no meu menor tamanho, podendo sobreviver a qualquer tempestade, integra, contagiando fé e amorosidade pelas estradas de Terra. Grata por sair da confusão da mente e existir nas alturas, metamorfoseando e notando-se borboleta.

10.3.10

véspera subida


Daqui a exatamente 48h amanhecerei em novos horizontes. Esta véspera, ainda noite, está tão próxima de iluminar que ouço meu frisson borbulhar. Respirar fundo e subir no esplendor da terceira montanha, migrar meus átomos, quimicar nas alturas, transcender comunitariamentente. "Quem tá comigo me acompanha"

5.3.10

mama mia





3 imágens, 3 palavras: eu te amo!
Feliz aniversário mãe,
obrigada pelo amor, pela confiança, pelo doar-se, por sermos quem somos,
para sempre grata,
sua filha que te ama

inercia devir


Sabe a sensação de quando estamos andando em uma extensa esteira rolante; tipo a da estação Copacabana; e ela termina. Nosso cérebro por alguns segundos demora a entender-se com as pernas e temos a sensação que vamos cair, que perdemos o chão. Pois é assim sinto-me agora, após depositar a dissertação. Como se o corpo estivesse em desaceleração, em choque à inércia. Uma felicidade por ter cumprido o que me propus e adquirido uma visão futuro ampla, cheia de idéias, farta. Ser grata pelo processo, pelo crescimento, pelos valores, pelos laços. Saber, como o pequeno príncipe, que o cativar é o essencial e nada mais é importante do que SER na sua integridade. Agradeço a todos os laços e compartilho está vitória dissertativa. Obrigados queridos, por me tornarem uma pessoa tão rica, tão repleta, tão integrada de afetos. À nossa teia com ternura.

25.2.10

o ovo ou a galinha

A lógica é perversa e o capital especula em línguas inimagináveis, pior que ele são os seus pro-pragadores, puros egos. Apesar de espremer e sair sacanagem que não acaba mais, ainda olho pra isto tudo com um orgulho danado. Após 25 anos de abertura democrática estamos em pleno desenvolvimento civilizatório e ver os auto-organizados deslocando-se pelo território, imperando direitos e “blasfemando verdades” é mesmo de se admirar, sinal que somos mesmo centelha divida. Hoje, fora estas, escrevi mais de cinco milhares de palavras, os dedos da mão direita estão bastante doloridos e, pela postura adotada, o resto também. Fico pensando se todas elas caberiam dentro de uma imagem e, se esta, seria suficiente para dizer tudo que penso. Tenho postado neste espaço, sempre que posso, um processo dos avessos, como “o ovo e a galinha”, nunca sei quem nasceu primeiro se foi à imagem ou o enredo de palavras. A narração sem mapa torna-me o cristalino de momentos que transparecem, mas como “num piscar de olhos”, entardeço novamente e noto-me turva. Se fosse para me fazer entender eu estaria em “maus lençóis”, com palavras driblando ambíguas e figuras que se transformam em ler, não hei de fazer-me compreender com tanta facilidade desta maneira arisca, mas o que seria deste mistério se existisse pensando em existir... Hoje, cruel como um pro-pragador não facilitarei seu rumo e deixarei a imagem por tua conta. Capricha no pensamento e aflore-se lá pra dentro, arriscando a ser quem se é pode nos levar a além.

20.2.10

21*0*21*0


Domingo, Século 21, dia 21, mês 2 ano 10, faltam uns 21 dias para a defesa da dissertação. Quando tiver passado mais 21 dias, tudo terá história velha. O dia terá número múltiplo de 7, como este, o próprio dobro. Faltarão 292 dias para acabar o ano. Mas a previsão para hoje é de temperatura estável, claro, se nada me ventar por dentro. Caso aja chuva isolada, tudo bem, ainda vá lá... Mas tempestade não vai dar não, faltam 21 páginas para terminar a pesquisa-ação. Este dia vinte e um... um dia de lembranças solenes, começava o julgamento de Joana d’Arc, Marx publicava o Manifesto Comunista, nascia Nina Simone, morria Sérgio Naya... Ah! Que saudade deste dia que ainda não vivi, e já começa com uma hora a mais. Tudo certo! A soma dos números-dia anuncia que dois mais um é igual a três. Como à lógica, fractal-ancestral, eu diria que de duas uma, ou encaramos o terceiro milênio com igualdade, ou sobrará só um, provável que seja o Ego, sabe-se lá...

19.2.10

Haikai-luz


sombra da janela
quanto mais perto da luz
maior a sombra

Ser-Parte



A sensação que se aproxima é de primavera, realização e esplendor. Tarefa cumprida de experimentador, do talho bruto ao requinte flor. Sempre achamos que podia ser mais, se houvesse tempo de aprofundar cada passo... Ah! Como seria bom! Contribuir para possível construção de Homem Humano é o que me sobe pela espinha arrepiando. Saber que tudo isso não passa de pó e perceber a dimensão da alma se alongar, compreender o todo em um minuto para no seguinte querer viver detalhe. Tirar o mapa de narração do próprio eixo e enfim poder avistá-lo. Cá está ele, repleto de estrelinhas sem derramar, apenas do tamanho que se é, infinitamente um minúsculo gigantesco, um Ser-parte. Dê tudo que li, vi, escutei, toquei e compreendi, neste processo dissertação, há uma coisa que para sempre estará em cerne, a coletivização. Sem ela, camaradas, somos pobres, isolados e medíocres. Que possamos ter a consciência de que aqui, ou irá caber todo mundo, ou não restará ninguém. Através de meus olhos saem o que criativamente desejo passar e num piscar borboleta sinto-me assim, em expansão fractal, cativando pelo avesso este universo encantado de letras, sons e números, “como uma onda no mar”.

16.2.10

Distingui-se?


Colagem= Foto de Antonio Brasiliano do trabalho do coletivo Elefante e emburra empurra na estação da luz foto de Nilton Fukuda
Segundo o relato de uma ex-moradora da ocupação Prestes Maia, há 4 anos atrás, a prefeitura de São Paulo, através de uma promotora pública e uma assistente social da subprefeitura da Sé , ofereceram a quantia de R$ 5 mil reais para "para aqueles que decidissem deixar o estado de São Paulo e voltar para sua terra natal”. A moradora, complementa: "ela me pediu falar bem claramente para as famílias que quem pegar essa verba não vai ter mais nenhum atendimento, nem o vale leite, nem o bolsa família, nem o bolsa escola, automaticamente é cortado tudo".
As famílias que aceitam este tipo de “benefício” são consideradas atendidas pelo poder público e perdem o direito a cadastros em qualquer outro programa. Outro morador, não escondeu a sua indignação com a proposta da promotora,
“isso pra mim é querer higienizar a cidade, achara que nós somos impuros para morar aqui (...) Pra albergue não vou, como você faz, um pai de família, num albergue? Não tem o seu cantinho, você fica dentro de um quarto com 12, 13 homens, metade viciado, outros que já tiraram cadeia, como você faz num lugar desses com seu filho adolescente? Essa proposta nem devia existir, querem higienizar a humanidade. Em que século nós estamos?”
Este tipo de conduta ainda é utilizada na cidade de São Paulo. Agora quem te pergunta sou eu: Será que podemos classificar este tipo de conduta uma política pública? Desconsiderando completamente os direitos constitucionais de um cidadão brasileiro. Quem seriam os verdadeiros paulistanos com direitos de nascença, seriam eles os Guaranis? Como numa cidade considerada cosmopolita como São Paulo; composto de originais, como os indígenas; os que obrigados foram arrastados para cá, escravos africanos; os que aqui reinaram torturar, conquistadores portugueses; os que acreditaram numa terra sonho, italianos e japoneses, ou mesmo judeus; os refugiados de genocídios, armênios; os que buscam oportunidades, coreanos e seus rivais chineses; os estrangeiros que prestam o papel de escravos voluntários no centro de São Paulo, refugiados da miséria, bolivianos e peruanos; sem contar os Haitianos que estão por desembarcar, os angolanos, cabo-verdianos; há também os nossos próprios, brasileiros, atraídos como estes estrangeiros, por razões bastante conhecidas, fruto das desigualdades deste país, os nordestinos e povos do norte, estão aqui há algumas décadas, desde que os estrangeiros emanciparam-se a patrões. Seria São Paulo ainda o mesmo “sertão de índios brabos” da outrora original Guarani? Quem é branco? Quem é preto? Quem é brasileiro? Não sabemos há muito tempo, mas, o que temos certeza e podemos infelizmente apontar por aí é: quem é pobre. Esta foi uma cidade que nasceu para ter os "ares frios e temperados como os de Espanha", já brotou colonizada, “nova rica”, deslumbrada e devemos a todo o momento recordar que ninguém, ninguém, daqui surgiu espontaneamente. Aqui se construíram natividades, “lares-cidade”, sonhos, paixões. Tentar exportar a própria pobreza é no mínimo uma porcaria. Quem pode distinguir-se?
obs1: para ver o depoimento dos moradores na íntegra Blog da ocupação Prestes Maia. Postagem do dia 15/02/2006. Disponível em: http://ocupacaoprestesmaia.zip.net/arch2006-02-12_2006-02-18.html
obs2: Melhor Resposta: vídeo: Z'Africa Brasil no documentário Zumbi Somos Nós http://www.youtube.com/watch?v=_1k6LOdKquI